Professor do Rio que foi alvo de acusado de matar Marielle pode ser exonerado
O professor da rede estadual do Rio de Janeiro, Pedro Mara, pode ser exonerado do seu cargo. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) abriu um processo administrativo por abandono de função. O docente, por recomendações de segurança, se ausentou da cidade, após o seu nome constar no relatório de investigação da Polícia Civil do Rio.
A sua vida foi pesquisada e monitorada pelo sargento reformado da PM, Ronnie Lessa, um dos acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes. O monitoramento teria se dado após um atrito entre Mara e Flávio Bolsonaro nas redes sociais.
Pedro Mara é doutorando na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor do CIEP 210, escola da periferia de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no Rio.
O secretário de Educação, Pedro Fernandes, afirmou ao jornal O Globo que o professor terá o direito de apresentar suas alegações no processo administrativo. Fernandes disse que Pedro não receberá tratamento diferenciado.
A diretoria do ANDES-SN divulgou nota na qual se solidariza com o professor e repudia a perseguição e violência contra Mara. E também denuncia a criminalização das lutas, em especial dos professores. “Repudiamos qualquer tipo de violência e ações de ódio contra qualquer pessoa que luta e que expõe suas posições políticas, como é o caso do professor Pedro Mara. Por isso nos solidarizamos e nos colocamos à disposição para o auxílio político e jurídico que se fizer necessário.” Confira aqui a nota.
Prisão arbitrária
Outro caso criminalização e violência contra a comunidade escolar ocorreu no último dia 29. Na noite de sexta-feira, o professor de História, Gabriel Pimentel foi preso, junto com dois estudantes, na Escola Estadual Lourdes de Carvalho, em Uberlândia (MG). Gabriel questionou policias que estavam revistando dois estudantes, em frente à escola. O professor entrou na escola e os policiais foram atrás dele.
Professores, estudantes e o diretor da escola argumentaram que a situação poderia ser resolvida por meio de uma conversa. No entanto, a polícia não retrocedeu e fez uso de spray de pimenta contra estudantes e professores.
Gabriel e dois estudantes foram levados para a delegacia, deixando toda a comunidade sem informação durante toda a madrugada. Os estudantes foram liberados. Já o professor só será solto nesta segunda à noite.
“Há uma onda de militarização da vida, inclusive, nas escolas. A escola é um lugar de ensino e aprendizagem e a polícia demonstrou que não tem nada a dizer nesse ambiente. Infelizmente, essa é mais uma abordagem padrão da polícia com relação aos estudantes das periferias das cidades”, criticou Jorgetânia Ferreira, docente da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e ex-professora de Gabriel Pimentel, no curso de História da UFU.
Com informações de Brasil de Fato e Esquerda Online