A comunidade acadêmica da Universidade Central do Equador, uma das maiores universidades do país, rompeu o isolamento social e foi às ruas da capital Quito nessa terça-feira (5) contra os cortes de cerca de 100 milhões de dólares na educação, anunciados pelo governo de Lenín Moreno na última semana. Os manifestantes usavam máscaras e mantiveram a distância necessária.
Desde segunda-feira, estudantes, professores e técnicos de vários centros educativos têm protestado contra a medida anunciada no dia 1o. de maio. Segundo o governo, a retirada de recursos da Educação seria para enfrentar a crise econômica agravada pela ampliação do contágio pelo novo coronavírus no país. Ao lado do Brasil, o Equador é um dos países latino-americanos mais afetados pela pandemia de Covid-19, com quase 32.000 casos e mais de 1.500 mortes.
Segundo Osvaldo Coggiola, 2º vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN, o que acontece no Equador se reproduz na maioria dos países da América Latina. Para o docente, como a pandemia obriga as pessoas a ficarem em casa, a circunstância é aproveitada pelos governos que assinam medidas que já estavam programadas antes da necessidade do isolamento social. ‘‘Os governantes trabalham com a possibilidade de que, por conta do isolamento social, as ruas não serão tomadas por manifestações contrárias e utilizam o momento para atacar conquistas sociais. Porém, como no caso do Equador, precisamos ficar atentos ao que está acontecendo, preservar a distância social e desenvolver métodos para questionar e combater essas medidas’’, aponta.
Para os manifestantes, o corte imposto pelo Executivo ataca majoritariamente a pesquisa e produção de conhecimento científico. Em um comunicado, a Universidade Central do Equador considerou a medida do governo um atentado à educação, que levará "à demissão de docentes e técnicos administrativos, afetando o desenvolvimento acadêmico, a pesquisa e a produção de conhecimento científico".
Integrantes da Confederação de Nacionalidade Indígenas do Equador (Conaie) também rechaçaram a medida e denunciaram a sua implementação durante uma crise de emergência sanitária. Recordaram, em nota, que em 2019 o governo destinou mais de 100 milhões de dólares adicionais ao Ministério da Defesa. De acordo com a Confederação, a medida é "um atentado contra a juventude equatoriana, afetando 31 entidades de educação superior".
*Com informações da Telesur