Às vésperas da comemoração nacional do dia das crianças, a Imprensa divulgou um vídeo de pregação da ex-ministra Damares Alves, gravado no dia 8 de outubro deste ano, em um culto da Igreja Assembleia de Deus, em Goiânia (GO), com afirmações absurdas de estupro de crianças e bebês.
Em sua fala, a ex-ministra disse ter posse, no seu no ministério da mulher, família e direitos humanos, de vídeos que comprovam os casos, com crianças de 3 e 4 anos, além de bebês, fato sabido pelo presidente da República. Além de falar textualmente sobre o conteúdo dos vídeos, a ex-ministra aponta que o enfrentamento aos casos deverá ser conduzido pelo que chama de “guerra espiritual”.
Tão logo o registro ganhou as páginas de reportagens, o Ministério Público Federal do Pará entrou com uma solicitação de informações sobre os supostos crimes cometidos contra crianças da Ilha do Marajó, com indicações sobre as providências tomadas.
Sendo real ou algo inventado, como forma de marketing, para a campanha à reeleição do atual presidente, a lógica bolsonarista extrapola todos os limites da razoabilidade, humanidade e respeito às instituições, próprio mesmo de uma ação protofascista, ancorada no fundamentalismo religioso de fim do Estado. Sendo verídicos os casos apresentados pela ex-ministra é absurda a negligência criminosa de, ao ter contato com tamanha brutalidade, não encaminhar o caso à justiça e compor uma força tarefa para tirar as crianças citadas do estado de vulnerabilidade extrema. Há para esta hipótese uma condição de conivência com os supostos crimes cometidos e uma estratégia desumanizadora de uso para, no fim, defender a manutenção do governo genocida. Por outro lado, sendo histórias criadas, totalmente ou em partes, revela mais uma vez a crueldade com que apoiadora(e)s do atual governo vêm defendendo seu projeto de poder, calcado em fake news, sensacionalismo, fanatismo religioso e ódio.
O ANDES-SN se soma às entidades, órgãos públicos, mandatos que exigiram da ex-ministra informações e respostas sobre os encaminhamentos dados aos supostos crimes, sinalizando que tanto a ex-ministra quanto o atual presidente da República devem ser responsabilizad(a)os pela inação frente à barbárie das acusações.
A exploração sexual de crianças e as muitas situações de abuso em que crianças estão expostas ainda são uma realidade gritante no Brasil. Ocupamos o 2º lugar no ranking mundial de exploração sexual de jovens e crianças, com cerca de 500 mil vítimas por ano, dados apresentados ao longo do 1º debate na Comissão de Direitos Humanos (CDH) sobre o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes, no Senado, no dia 24 de junho deste ano. Igualmente, a comercialização e o consumo de pornografia infantil têm no Brasil números alarmantes. O combate ao abuso de crianças e a luta pelo direito à infância segura, livre de violência e sob o cuidado afetivo deve ser garantido pelo Estado e defendida por toda a sociedade.
Ao mesmo tempo, a defesa do Estado laico e o enfrentamento ao fundamentalismo neopentecostal, que tomou o poder desde as eleições de 2018, deve ser denunciado e igualmente combatido, em especial neste cenário de segundo turno onde há reais possibilidades de derrota nas urnas, no próximo dia 30 de outubro.
Sabemos que passado o processo eleitoral o combate ao fascismo, que se expressa na lógica bolsonarista, seguirá, e com ele o enfrentamento aos absurdos propalados por figuras como a ex-ministra. Assim, reafirmamos a defesa pela democracia, pelos direitos humanos, em defesa da infância, contra misoginia, machismo, racismo, lgtbqiap+fobia, xenofobia e todas as formas de exploração e subalternização da pessoa humana.
Por todas as crianças, meninas e jovens que hoje se encontram em situação de vulnerabilidade, seguiremos na luta para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo nas urnas e nas ruas!
Fora Governo Genocida
Votar em Lula para derrotar Bolsonaro nas urnas e nas ruas!
Brasília (DF), 11 de outubro de 2022
Diretoria do ANDES Sindicato Nacional