A Diretoria do ANDES - Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior repudia a abertura inapropriada de inquérito administrativo publicada no Diário Oficial, de 13 de junho de 2023, contra a Professora Titular aposentada Marilda Vilella Iamamoto, integrante do corpo permanente do Programa de Pós-graduação do Departamento de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ. Tal inquérito foi aberto pelo então Reitor daquela Universidade.
A docente está sendo acusada de suposta má-fé em sua trajetória na universidade, devido ao reconhecimento de seu direito à anistia por crime da ditadura empresarial-militar, o que demandou se apresentar ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) para fazer jus à ação indenizatória do Estado brasileiro, incluindo os seus direitos trabalhistas sobre proventos e promoções, pois foi exonerada por faltar ao trabalho naquela autarquia, quando estava presa pelo Estado ditatorial e sob sua responsabilidade entre dezembro de 1971 e 1972.
Reintegrada ao INSS no ano de 2015, para que a justiça pudesse feita, solicitou licença-prêmio de três meses da UERJ, para evitar incompatibilidade de horários e seguiu com seus compromissos de orientação de dissertações e teses, além de atividades de pesquisa e editoriais na UERJ. Após esse período pediu exoneração do INSS e devolveu o valor recebido no período em que esteve reintegrada, mesmo que se tratasse da Lei de Anistia. O seu propósito com a reintegração foi a reparação dos direitos violados pelo regime ditatorial.
A professora Marilda Vilela Iamamoto tem dado enorme contribuição ao serviço social brasileiro com suas produções acadêmicas, destacadamente às Universidades Federal e do Estado do Rio de janeiro (UFRJ e UERJ) cujos quadros de pessoal permanente integrou. Seu valioso trabalho acadêmico, inclusive, em âmbito internacional, são referências relevantes na formação e debates do serviço social, com alto índice de citações e reedições de livros, em vários idiomas. Assim, repudiamos esse inquérito inusitado e manifestamos nosso pleito à reitoria da UERJ para que reconheça a impropriedade desse inquérito que, ao cabo, culpabiliza a cidadã perseguida pelo terror da ditadura empresarial-militar, na contramão do processo político dessa universidade, que instituiu a sua Comissão da Verdade para apurar os efeitos da ditadura sobre a UERJ.
Por Memória, Verdade, Justiça e Reparação.
Ditadura nunca mais.
Brasília (DF), 26 de novembro de 2024.
Diretoria do ANDES – Sindicato Nacional