Anúncio de fechamento da Ford no Brasil gera protestos pelo país

Publicado em 12 de Janeiro de 2021 às 16h12. Atualizado em 12 de Janeiro de 2021 às 16h18

Trabalhadores da Ford protestaram contra o fechamento das fábricas da montadora em Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA), e em Taubaté, município de São Paulo, na manhã desta terça-feira (12). As unidades serão fechadas imediatamente, segundo a empresa, mantendo apenas a produção de peças para os estoques de pós-venda.

O anunciou foi feito na segunda-feira (11). A unidade da Troller, em Horizonte (CE), está prevista para encerrar as atividades no último trimestre de 2021.

O impacto do anúncio de fechamento das unidades será trágico para os trabalhadores. Camaçari será a mais afetada, uma vez que a empresa conta com aproximadamente 3.500 trabalhadores na área operacional daquela planta. Em Taubaté, há ao menos 830 funcionários, ligados à produção. Em Horizonte há 470 empregados. Estima-se que entre trabalhadores contratados direta e indiretamente, esse número chegue a 15 mil pessoas afetadas com o fechamento das unidades.

Segundo os sindicatos dos Metalúrgicos de Camaçari e de Taubaté e Região o anúncio do encerramento da produção de veículos no Brasil foi feita de forma inesperada e sem diálogo para encontrar outra solução que não fosse o fechamento das unidades no país.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), Claudio Batista, critica a forma unilateral que o anúncio foi feito pela empresa, sem qualquer negociação com o Sindicato. “O Sindicato vai fazer toda luta necessária para tentar reverter essa situação.” Os trabalhadores contam com estabilidade no emprego até dezembro de 2021, resultado dos acordos de redução de jornada e salários firmados durante a pandemia.

De acordo com o Sindmetau, a Ford foi beneficiada por uma série de isenções fiscais ao longo dos 53 anos em Taubaté, onde produz atualmente motores e transmissão.

Já em Camaçari, a Ford estava instalada desde 2001 e durante todos esses anos contou com incentivos fiscais. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, a Ford foi irredutível e demonstrou claramente que não tem interesse em continuar no Brasil, sendo imediato o fim da produção de veículos. “O encerramento pegou todos de surpresa. Após quase duas décadas lucrando em Camaçari, a Ford fecha as portas sem nenhuma negociação, numa situação lamentável e de completo desrespeito com os milhares de trabalhadores”, diz Bonfim.

A Ford afirmou em comunicado que a pandemia da Covid-19 “amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas” e, para isso, foi necessário alocar o capital em outro lugar para “atingir uma margem corporativa EBIT de 8% e gerando um forte e sustentável fluxo de caixa”.  O EBIT é um dos principais indicadores analisados pelos investidores. Em 2019, a Ford já havia encerrado a produção na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).  Em outubro de 2020, a fábrica foi vendida para a Construtora São José e a FRAM Capital. Isto, após 52 anos de funcionamento. A unidade empregava 2,8 mil de trabalhadores.

* Com informações dos sindicatos dos Metalúrgicos de Camaçari e de Taubaté e Região, e da CSP-Conlutas. Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari 

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