Servidores Públicos Federais realizaram durante essa quarta-feira (27) diversos atos simbólicos para marcar o Dia Nacional de Luta da categoria. A manifestação foi organizada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) em repúdio aos projetos do governo Bolsonaro de desmonte dos serviços públicos e ataques aos servidores.
Em algumas cidades, os protestos também incorporaram pautas locais como o protesto contra a reabertura do comércio e a falta de estrutura para atendimento à população e condições de trabalho nos serviços de saúde no combate à Covid-19.
Os servidores também foram às ruas em defesa dos direitos, liberdades democráticas, soberania nacional e pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão.
Desde o início do governo, tanto Jair Bolsonaro quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, vêm sinalizando diversas medidas de retirada de direitos dos servidores públicos, como congelamento de salários e carreiras, suspensão de concursos públicos e uma reforma Administrativa, que está sendo encaminhada de forma parcelada ao Congresso Nacional, com apoio de diversos parlamentares.
Durante a pandemia, em diversas declarações, Paulo Guedes se refere aos trabalhadores do serviço público de forma ofensiva e pejorativa, ignorando que são estes profissionais que atuam na linha de frente no atendimento à população nas mais diversas áreas.
Em recente reunião entre o presidente e seus ministros, divulgada na última sexta-feira (22), o ministro da Economia deu mais uma demonstração de seu desprezo pelo funcionalismo público. “Nós já botamos a granada no bolso do inimigo, dois anos sem reajuste de salários”, disse se referindo ao Projeto de Lei da Câmara (PLP) 39/2020, que congela os salários dos servidores das três esferas (municipal, estadual e federal) até 2021, em troca de auxílio aos estados e municípios no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
Atos
Todas as manifestações de rua foram realizadas em locais abertos, obedecendo às orientações de não aglomeração de pessoas (com no máximo 50 pessoas), de distanciamento social e o uso de máscaras. Participaram das atividades representantes de diversas entidades do funcionalismo público e da CSP-Conlutas.
Em Brasília (DF), o protesto ocorreu em frente à sede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Com faixas e cartazes, os manifestantes defenderam o SUS e exigiram a valorização dos trabalhadores da saúde. Em Goiânia (GO), a defesa da saúde pública e a crítica à militarização da pasta também estiveram na pauta da manifestação realizada na praça central.
Em São Luís (MA), houve um ato pela manhã em frente ao prédio local do ministério da Economia. Em Belém (PA), trabalhadores da saúde e servidores de outras categorias realizaram protesto em frente ao Hospital Universitário João de Barros Barreto.
Em Cuiabá (MT), o protesto também foi em frente ao ao Hospital Universitário Júlio Müller, exigindo a revogação da Emenda Constitucional (EC) 95 e em defesa dos serviços públicos, do SUS, dos profissionais de saúde e da democracia. Em Macapá (AP), um outdoor foi utilizado para denunciar o perigo que o governo de Bolsonaro e Mourão representa para a vida dos trabalhadores.
Em Fortaleza (CE), os servidores fixaram faixas e cartazes no Hospital Maternidade da Universidade Federal do Ceará. Os materiais reivindicavam a ampliação do SUS, o não congelamento salarial dos servidores, equipamento de proteção para trabalhadores e testes rápidos para Covid-19. “Estamos salvando vidas, enquanto o governo nos retira direitos”, dizia uma faixa.
No Rio de Janeiro, o protesto ocorreu pela manhã, em frente à Câmara de Vereadores, na Cinelândia, no centro da capital fluminense. Com cruzes, simbolizando as mortes pela Covid-19, e cartazes exigindo Fora Bolsonaro e Mourão os manifestantes ocuparam as escadarias, em manifestação simbólica.
Já em Niterói (RJ), manifestantes organizados na União dos Fóruns de Luta da cidade, que articula movimentos sociais e entidades sindicais, fizeram uma atividade em frente ao Terminal das Barcas, no centro da cidade. Além das pautas nacionais, a ação repudia, também, a política de flexibilização do isolamento social pela prefeitura de Niterói, num momento em que ainda acontecem diversos casos de contaminação e morte pela Covid-19.
"O Brasil é o novo epicentro da pandemia. Já são quase 25 mil mortes notificadas e o governo continua incapaz de assumir uma resposta coerente para enfrentar o problema que atravessamos. A vida de milhões de trabalhadores e trabalhadoras depende de uma política de saúde pública ágil e eficaz. Não podemos nos calar diante desta situação e continuaremos ocupando as ruas e lutando contra as práticas genocidas deste governo'', pontua Eblin Farage, secretária-geral do ANDES-SN e uma das organizadoras da atividade na Cinelândia.
Com informações e imagens da CSP-Conlutas e Seções Sindicais