Servidoras e servidores estaduais do RJ protestam contra plano fiscal que ataca serviços públicos

Publicado em 15 de Setembro de 2021 às 16h22. Atualizado em 15 de Setembro de 2021 às 16h49
Foto: Asduerj SSind.

Servidoras e servidores públicos do estado do Rio de Janeiro protestaram na tarde de terça-feira (14) em frente à nova sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) contra o novo plano de recuperação fiscal do governo estadual. Sem diálogo, o governo enviou à Casa legislativa, na última quinta (9), alguns projetos de lei com propostas que atacam benefícios e aposentadorias das servidoras e dos servidores públicos fluminenses. Durante o ato, ocorria a primeira audiência pública sobre o “pacote de maldades”. Docentes das associações dos docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Asduerj Seção Sindical do ANDES-SN), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Aduenf Seção Sindical do ANDES-SN) e da Fundação Centro Universitário da Zona Oeste do Rio de Janeiro (Aduezo Seção Sindical do ANDES-SN) participaram da mobilização. 

Foto:Aduff SSind.

O pacote conta com projetos de lei complementar, propostas de emenda constitucional e um projeto de lei. A entrada no novo regime fiscal é formalizada através do Projeto de Lei 4.852/21, que promove alterações no antigo acordo com a União, homologado em 2017, adequando-o à legislação federal que definiu as novas regras para os estados. O novo plano prevê o pagamento da dívida do estado do Rio de Janeiro em nove anos de forma parcelada e gradativa. Para isso ocorrer, as outras propostas impõem reformas Administrativa e Previdenciária no estado e um novo Teto de Gastos.  O fim do triênio, o aumento da idade mínima de aposentadoria para algumas categorias, a extinção do bônus permanência e a proibição de reajuste salarial são as medidas de maior impacto para as servidoras e os servidores estaduais.

O Projeto de Lei Complementar (PLC) 46/21 dispõe sobre o teto de gastos públicos. Para o orçamento de 2022, o governo do Rio propõe como limite o valor das despesas primárias empenhadas em 2018, corrigido em 17,89%. Para os anos seguintes, o teto seria o mesmo do orçamento do ano anterior, corrigido pela inflação (IPCA) acumulada em um ano. A medida abrangeria todos os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário, Legislativo, além do Tribunal de Contas, do Ministério Público e da Defensoria Pública.

Foto: Asduerj SSind.

Ataques
As propostas trazem alterações em benefícios como a extinção do adicional e da gratificação de tempo de serviço (triênios), além da licença-prêmio e da licença especial de seis meses concedida aos bombeiros e policiais militares com dez anos de corporação. Já as licenças adquiridas até a implementação da nova norma poderão ser usufruídas, sendo assegurada a remuneração integral do cargo.

O texto também propõe a extinção das progressões de carreira automáticas, vinculadas exclusivamente ao tempo de serviço. Com a proposta, progressões deverão funcionar de acordo com o cumprimento de requisitos mínimos obrigatórios: além do tempo de serviço, avaliação de desempenho satisfatória e aperfeiçoamento profissional permanente (cujos critérios serão regulamentados posteriormente pelo governo do estado). Até a regulamentação, o texto suspende as promoções, permitindo apenas aquelas cujo requisitos mínimos tenham sido cumpridos antes da medida entrar em vigor.

O PLC 47/21 e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 61/21 alteram as regras para aposentadoria dos servidores públicos estaduais, estipulando a idade mínima de 62 anos para as mulheres e de 65 anos para os homens. Em ambos os casos, os servidores deverão ter ao menos 25 anos de contribuição, pelo menos 10 anos de serviço público e cinco anos no cargo no qual foi concedida a aposentadoria.

Para os atuais servidores e servidoras, o texto prevê, na regra de transição, a idade mínima de 56 anos para as mulheres (com 30 anos de contribuição) e 61 para os homens (com pelo menos 35 anos de contribuição). Em 2024, a idade mínima passará a ser de 57 para as mulheres e 62 anos para os homens. Ambos deverão ter pelo menos 20 anos de serviço público e estar há pelo menos cinco anos no cargo onde será concedida a aposentadoria.

Com estas regras, o somatório entre o tempo de contribuição e a idade deverá ser de 86 pontos para as mulheres e 96 para os homens. Essa pontuação aumentará em um ponto a cada ano até atingir 100 pontos para as mulheres e 105 para os homens.

O PLC 47/21 também prevê alterações na concessão do abono permanência, um incentivo financeiro para que as e os profissionais posterguem a aposentadoria, vinculando-o à disponibilidade orçamentária e à regulamentação de cada entidade.

Foto: Asduerj SSind.

Aos docentes, o PLC prevê a aposentadoria aos 57 anos, para as mulheres, e 60 anos, para os homens, com 25 anos de contribuição previdenciária, pelo menos dez anos de serviço público e cinco anos no cargo em que for concedida a aposentadoria.

O Fórum Permanente dos Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (Fosperj) publicou um manifesto contra o desmonte do serviço público estadual e classificou a situação de “gravíssima”. “Foi apresentado o pior cenário possível para os cidadãos fluminenses e para os servidores, reproduzindo a política do ministro Paulo Guedes. Está prevista nos PLs a fixação rígida de um teto de gastos que congelará todos os investimentos públicos indispensáveis ao atendimento da população, a extinção do adicional de tempo de serviço (triênios), da licença-prêmio, da licença especial, dos concursos públicos, a limitação das promoções e progressões de carreira e a ampliação da taxação de aposentados e pensionistas. Enfim, tudo que viabiliza um mínimo de manutenção da qualidade dos serviços públicos e dá dignidade aos profissionais que nele trabalham”, diz um trecho da nota.

O texto afirma que as mudanças na regra de aposentadoria trazem enorme preocupação “para ativos e aposentados, como o aumento da idade mínima e de tempo de contribuição, regras de transição para quem está em vias de se aposentar, mudanças no Regime Jurídico Único, sem contar a proposta de contribuição extraordinária para todos que ganham mais de um salário mínimo que penalizará, ainda mais, aposentadorias e pensões dos que hoje estão isentos. É uma lógica perversa, atitude inaceitável de quem deveria proteger principalmente os mais vulneráveis”, afirma o Fórum.

Com informações da Alerj. Fotos: Asduerj SSind e Aduff SSind.

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