Reforma trabalhista completa 5 anos com aumento da precarização e desemprego

Publicado em 11 de Novembro de 2022 às 17h06. Atualizado em 11 de Novembro de 2022 às 17h34
Mudança na legislação estagnou renda do trabalhador, que foi empurrado para empregos informais. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A Reforma Trabalhista completou cinco anos de vigência nesta sexta-feira (11). Proposta e aprovada durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), a mudança na legislação sobre o trabalho no país reduziu direitos de trabalhadoras e trabalhadores, contribuiu para a queda de seus rendimentos e aumento da informalidade.

Dias antes do segundo turno, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu construir uma nova legislação trabalhista que "assegure direitos mínimos – tanto trabalhistas como previdenciários– e salários dignos".

Já a reforma de 2017 visou exatamente ao oposto disso. Retirou da lei garantias de trabalhadores para, com isso, reduzir o custo da contratação de empregados e empregadas para o empresariado e gerar até 6 milhões de postos de trabalho – o que nunca ocorreu.

A reforma acabou precarizando as relações de trabalho e incentivando a terceirização. Também dificultou o acesso do trabalhador à Justiça do Trabalho, reduzindo o acesso gratuito aos tribunais e até prevendo que trabalhadores tenham que ressarcir empregadores caso percam processos.

Por fim, reduziu o poder dos sindicatos em negociações e ainda comprometeu a sustentabilidade financeira das entidades tirando delas, por exemplo, o valor que era arrecadado por meio do imposto sindical.

Campanha #RevogaJá
Em maio deste ano, entidades do meio jurídico, além de coletivos de pesquisa e sindicatos de categorias dos setores público e privado lançaram a campanha nacional #RevogaJá - pela Revogação da Reforma Trabalhista, que cobra a reversão dos ataques aos direitos da classe trabalhadora. O ANDES-SN participou do lançamento da campanha em Brasília, em agosto. Leia aqui o manifesto.

Números comprovam fracasso
Para Patrícia Pelatieiri, diretora adjunta do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam as consequências da reforma para a classe trabalhadora.

Ela lembrou que, no segundo trimestre de 2017 – ou seja, antes da Reforma Trabalhista –, um trabalhador brasileiro recebia em média R$ 2.744 (valores corrigidos pela inflação). Cinco anos depois, no 2º trimestre de 2022, ele ganhava R$ 2.652.

 Citou também que a taxa de desemprego até caiu de 2017 para cá, mas ainda está acima dos números registrados há dez anos. E essa queda não deve ser vista necessariamente como algo totalmente positivo para o trabalhador.

"Muitos trabalhadores foram empurrados para a informalidade, que bateu recorde neste ano, atingindo 39,3 milhões de pessoas", afirmou.

Segundo o IBGE, cerca de 39% dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros são informais. Hoje, formam um contingente maior do que o de trabalhadores e trabalhadoras do setor privado com carteira assinada – 36,3 milhões, segundo dados oficiais.

*Com informações do Brasil de Fato

Leia também:
ANDES-SN participa do lançamento distrital da campanha pela revogação da reforma Trabalhista

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