Justiça suspende demissão de professora da Unipampa; julgamento será no Consuni

Publicado em 28 de Janeiro de 2022 às 12h05. Atualizado em 28 de Janeiro de 2022 às 12h25

Justiça Federal acolhe liminar para reintegração de docente da Unipampa com julgamento pelo Consuni

O juiz Daniel Antoniazzi Freitag, da 1ª Vara Federal de Bagé, acolheu, na noite de quarta-feira (26), a liminar que suspende a Portaria n° 53 publicada em 13 de janeiro de 2022 no Diário Oficial da União (DOU), que demite arbitrariamente a docente Letícia de Faria Ferreira. Com essa decisão, a professora reintegra o quadro de servidoras e servidores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no Rio Grande do Sul, e o recurso administrativo da professora do curso de História deverá ser julgado no Conselho Universitário (Consuni), na próxima segunda-feira (31).

Em 2015, Letícia denunciou irregularidades ocorridas em um concurso público da instituição, no Campus São Borja, do qual era componente da banca de seleção. Após a denúncia, a docente passou de denunciante a denunciada, segundo Caiuá Al-Alam, 1º tesoureiro da Seção Sindical dos Docentes da Unipampa (Sesunipampa Seção Sindical do ANDES-SN).

"Esse caso passou por três reitorias desde 2015. A primeira acatou a denúncia da Letícia, por meio de diversos órgãos. Posteriormente, o caso passou para outra reitoria e abriram um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra ela. Em 2018, a outra reitoria acolheu a orientação do PAD de demissão de Letícia. Em março de 2018, a Sesunipampa com a sua assessoria jurídica, e acompanhada da diretoria nacional do ANDES-SN, se reuniu com o reitor da época, Marco Antonio Fontoura Hansen, e apontamos as incoerências do caso e, na ocasião, o reitor prometeu reavaliar a situação. Passados 4 anos, no dia 13 de janeiro o atual reitor Roberlaine Ribeiro Jorge assinou a portaria de demissão de Letícia. Ele não repassou a portaria ao Consuni da universidade e a professora não teve nenhuma chance de ampliar a sua defesa e a comunidade universitária não pode de nenhuma forma opinar sobre o caso", contou o diretor que considerou a decisão judicial uma vitória momentânea.

Reunião
A mobilização da comunidade acadêmica também resultou na convocação de uma reunião extraordinária do Conselho Universitário no dia 31 de janeiro. Contudo, conforme o diretor da Sesunipampa SSind., mesmo constando na pauta da reunião a portaria demissionária, ainda não há evidências como será conduzida a discussão na sessão. Com a concessão da liminar, agora o Consuni deve se debruçar no debate e julgamento do recurso administrativo.

"A reitoria acolheu a nossa solicitação para nos reunirmos no Consuni no dia 31 de janeiro. Vamos fazer o debate e dialogar, mas não sabemos até agora como será conduzida essa reunião extraordinária, se a comunidade poderá debater o processo, ter acesso ao recurso da Letícia. O nosso receio é que essa reunião não ocorra da melhor forma para que se possa constituir a ampla defesa da Letícia que é uma profissional idônea - com destaque na militância sindical e no trabalho acadêmico com os movimentos feministas -, e revogar a sua demissão", ressaltou Al-Alam que acrescenta que a seção sindical solicitou uma audiência e a reitoria não aceitou.  

Luta
O diretor afirma que desde 2015 a seção sindical do ANDES-SN, assim como a direção nacional, tem envidado esforços para reverter a situação. Na quarta-feira (25) houve uma reunião da Comissão do ANDES-SN contra perseguições a docentes para tratar do caso, com a participação de diretores da Sesunipampa, da direção nacional e de suas assessorias jurídicas. Entre as deliberações da reunião estão a divulgação de uma nota pública do Sindicato Nacional sobre o caso e o envio às seções sindicais de todo o país, assim como o acompanhamento jurídico da Assessoria Jurídica Nacional do ANDES-SN junto a Assessoria Jurídica da Sesunipampa.

A comissão foi aprovada no 37º Congresso do ANDES-SN, realizado em Salvador, em 2018. O primeiro caso analisado pela comissão foi o da professora Letícia de Faria Ferreira. "Esse caso é exemplar enquanto perseguição política a uma companheira de luta sindical e deve ter atenção nacional, contando com ampla solidariedade. Pedimos que todas as seções sindicais do ANDES-SN escrevam para o Gabinete da Reitoria exigindo que o CONSUNI possa debater o caso, de forma ampla e com direito de defesa reservado à servidora Leticia, e que também manifestem publicamente contra a demissão", convocou o Sindicato Nacional na Circular nº 35.

"Há um grande movimento de mobilização nacional que passa pelas seções sindicais do ANDES-SN em todo o país, militantes sindicais, comunidades universitárias, deputados e deputadas vinculadas a partidos de esquerda, coletivos sociais e, ainda, a própria comunidade do campus Jaguarão, no qual é lotada a professora, que paralisou às atividades e que não aceita a demissão da Letícia", disse o diretor da Sesunipampa SSind.

Foto: Divulgação/Unipampa


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