Governo Bolsonaro veta indicação de Deisy Ventura, docente da USP, para comitê da OMS

Publicado em 30 de Setembro de 2022 às 16h21. Atualizado em 30 de Setembro de 2022 às 16h34
Postura negacionista do governo durante a pandemia foi criticada por pesquisadora. Foto: Agência Brasil

O governo de Jair Bolsonaro boicotou a indicação de Deisy Ventura para compor o Comitê da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a revisão do regulamento sanitário internacional. A professora da Universidade de São Paulo (USP) teve atuação destacada durante a pandemia de Covid-19, contribuindo para a proteção social e foi convidada pela OMS para integrar o grupo que revisará as normas internacionais.

Deisy Ventura é docente titular de ética da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o programa de pós-graduação em saúde global e sustentabilidade. Participa também do programa de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Conforme divulgado pela coluna do jornalista Jamil Chade, no site Uol, a professora já havia sido entrevistada pela OMS e deveria participar da primeira reunião do Comitê em 6 de outubro. A submissão do nome de Ventura ao Ministério da Saúde brasileiro seria uma mera formalidade protocolar, uma vez que ela não atuaria em nome do Brasil e nem representaria o governo do país.

No entanto, de acordo com Chade, o secretariado da OMS foi obrigado cancelar nomeação da docente da USP diante da decisão do governo Bolsonaro de vetar seu nome para integrar a lista de especialistas que podem ser consultados pelo Regulamento Sanitário Internacional, o que a impede de compor o comitê do organismo internacional.

A Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP, em manifestação conjunta com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), denunciou o boicote imposto pelo Ministério da Saúde à indicação de Deisy Ventura.

De acordo com nota divulgada, as instituições manifestam repúdio à atuação do governo brasileiro que, agindo na contramão dos interesses de nosso país, recusa apoio à ilustre cientista, professora Deisy Ventura, para compor um dos mais importantes comitês técnicos da OMS.

“Ao se opor ao nome da pesquisadora, sem apresentar explicações, o Ministério da Saúde age de forma puramente ideológica, enquanto a OMS busca escolher entre as personalidades mais qualificadas por sua competência técnica”, afirmam as entidades.

“Sua projeção como liderança acadêmica motivou o convite da Organização Mundial da Saúde para participar da importantíssima missão de rever o regulamento sanitário internacional. A Faculdade de Saúde Pública soma-se à Abrasco e SBPC para protestar contra a posição adotada pelo Ministério da Saúde. O injustificado veto à indicação da Profa. Deisy Ventura envergonha o país em nível global”, acrescenta a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP.


* Com informações da Coluna de Jamil Chade/Uol. Foto: Agência Brasil
 

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