O governo de Jair Bolsonaro boicotou a indicação de Deisy Ventura para compor o Comitê da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a revisão do regulamento sanitário internacional. A professora da Universidade de São Paulo (USP) teve atuação destacada durante a pandemia de Covid-19, contribuindo para a proteção social e foi convidada pela OMS para integrar o grupo que revisará as normas internacionais.
Deisy Ventura é docente titular de ética da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o programa de pós-graduação em saúde global e sustentabilidade. Participa também do programa de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP.
Conforme divulgado pela coluna do jornalista Jamil Chade, no site Uol, a professora já havia sido entrevistada pela OMS e deveria participar da primeira reunião do Comitê em 6 de outubro. A submissão do nome de Ventura ao Ministério da Saúde brasileiro seria uma mera formalidade protocolar, uma vez que ela não atuaria em nome do Brasil e nem representaria o governo do país.
No entanto, de acordo com Chade, o secretariado da OMS foi obrigado cancelar nomeação da docente da USP diante da decisão do governo Bolsonaro de vetar seu nome para integrar a lista de especialistas que podem ser consultados pelo Regulamento Sanitário Internacional, o que a impede de compor o comitê do organismo internacional.
A Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP, em manifestação conjunta com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), denunciou o boicote imposto pelo Ministério da Saúde à indicação de Deisy Ventura.
De acordo com nota divulgada, as instituições manifestam repúdio à atuação do governo brasileiro que, agindo na contramão dos interesses de nosso país, recusa apoio à ilustre cientista, professora Deisy Ventura, para compor um dos mais importantes comitês técnicos da OMS.
“Ao se opor ao nome da pesquisadora, sem apresentar explicações, o Ministério da Saúde age de forma puramente ideológica, enquanto a OMS busca escolher entre as personalidades mais qualificadas por sua competência técnica”, afirmam as entidades.
“Sua projeção como liderança acadêmica motivou o convite da Organização Mundial da Saúde para participar da importantíssima missão de rever o regulamento sanitário internacional. A Faculdade de Saúde Pública soma-se à Abrasco e SBPC para protestar contra a posição adotada pelo Ministério da Saúde. O injustificado veto à indicação da Profa. Deisy Ventura envergonha o país em nível global”, acrescenta a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP.
* Com informações da Coluna de Jamil Chade/Uol. Foto: Agência Brasil