Atos em defesa do SUS, em homenagem às vítimas de Covid e pelo fora Bolsonaro marcaram o domingo (21)

Publicado em 22 de Junho de 2020 às 17h55. Atualizado em 22 de Junho de 2020 às 18h01
Em Brasília, ato aconteceu em frente ao Memorial JK. Foto: Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares

O final de semana em que o Brasil atingiu o triste patamar de 1 milhão de pessoas contaminadas pela Covid-19 e mais de 50 mil mortos foi marcado por atos em defesa do Sistema Único de Saúde e da democracia, em homenagem às vítimas do novo coronavírus e aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde que perderam suas vidas no combate à pandemia. 

Ato Recife (PE) Foto: Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares
Protesto em Salvador (BA). Foto: Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares

Diversas capitais como Brasília (DF), Cuiabá (MT), Maceió (AL), Fortaleza (CE), Salvador (BA), São Paulo (SP), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Aracajú (SE), Goiânia (GO) e Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES), além de cidades do interior também foram palco de protestos dos trabalhadores da saúde. Com poucas pessoas para evitar a aglomeração e usando equipamentos de proteção, manifestantes carregavam cruzes, que simbolizavam as vidas perdidas, e faixas nas quais denunciavam o descaso do governo federal com a população. Também foi realizada uma ação nas redes sociais com a hashtag #nãoéumagripezinha.

Ato em Maceió (AL). Foto: Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares

Além de o Brasil ocupar o segundo lugar em números de contaminações e mortes, apenas atrás dos Estados Unidos, o país é o que registrou o maior número fatalidades entre trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Já são ao menos 139 médicas e médicos e 190 enfermeiras e enfermeiros vítimas da Covid-19, segundo entidades representativas das categorias (Simesp e o Cofen).

O ato foi organizado pela Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMP) e conjunto com outras entidades como a Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD), a Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), a Federação Nacional dos Psicólogos (FENAPSI), a Federação Nacional dos Nutricionistas (FNN), a União Nacional dos Auditores do SUS (UNASUS) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social (CNTSS).

Ato em Fortaleza (CE). Foto: Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares

Em um manifesto, as entidades declararam as motivações para o protesto. Além de prestar solidariedade aos familiares e amigos dos profissionais de saúde que morreram por Covid-19, denunciaram que a maior parte das mortes por Covide-19 no país seriam evitáveis, se o governo federal não tivesse uma posição genocida frente à pandemia. Opuseram-se, ainda, à intervenção militar do Ministério da Saúde, que, de acordo com o documento, “vem comprometendo sobremaneira o trabalho técnico frente à pandemia”. Leia na íntegra abaixo. 

Imagem feita com drone. Crédito: Scarlett Rocha

Fora Bolsonaro
O domingo também registrou, pelo terceiro final de semana, manifestações pelo Fora Bolsonaro e em defesa do Estado Democrático de direito. Em Brasília (DF), mantendo o distanciamento e usando máscaras, manifestantes marcharam pela Esplanada dos Ministérios cobrando a saída do presidente Jair Bolsonaro. Com uma enorme faixa com os dizeres “Fora Bolsonaro, sua gripezinha já matou 50 mil”, lembraram o desprezo do presidente pela vida da população que sofre com a pandemia do novo coronavírus.

Confira o manifesto das entidades dos trabalhadores e das trabalhadoras da Saúde.

“Além da homenagem a essas milhares de vítimas também nos manifestamos: 

1 – Em solidariedade às famílias, amigos e colegas de profissionais de saúde que morreram por COVID-19;

2- Para alertar que a maior parte das mortes por COVID-19 em nosso país são evitáveis, caso o Governo Federal não tivesse uma posição genocida frente à pandemia; 

3- Contra a intervenção militar do Ministério da Saúde, que vem comprometendo sobremaneira o trabalho técnico frente à pandemia;

4 – Contra as declarações do presidente da República, hostis aos profissionais de saúde, incentivando agressões a trabalhadores de saúde em seu ambiente de trabalho; 

5 – Contra o silêncio e cumplicidade das entidades médicas, especialmente o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Federação Nacional dos Médicos (FENAM), frente às posições do Governo Federal. Além disto, nem mesmo nos sítios eletrônicos dessas entidades conseguimos saber quantos e quais os colegas médicos perderam a vida; 

6- Por segurança no ambiente de trabalho dos profissionais de saúde. Demandamos mais Equipamentos de Proteção individual (EPI), e a reorganização de processos de trabalho, por gestores na saúde pública e empresas de saúde, que possibilitem menores impactos da exposição à doença ou ao stress produzido pela pandemia;

7- Pelo apoio a Campanha Leitos Únicos - Vidas Únicas, que garanta para toda a população fila única de acesso às UTI a partir do SUS, tanto nos serviços públicos como na saúde suplementar;

8- Pelo aporte adequado de financiamento do Sistema Único de Saúde. Pela supressão da Emenda Constitucional 95 (EC- 95), que congela gastos em saúde pública por 20 anos. O SUS salva vidas !!! 

9-Vidas Negras Importam – total solidariedade à população negra de nosso país, maioria do povo brasileiro, minoria nos espaços de representação institucional e que vem sofrendo especialmente junto às áreas de maior vulnerabilidade social os impactos da pandemia em curso;

10- Contra a Portaria MEC nº 544, de 17 de junho de 2020, que estabelece a possibilidade da realização de estágios curriculares dos cursos da área de saúde em caráter on line e de forma remota. Além do descaso com as medidas de saúde pública, o Governo Federal vem reforçando seu descaso também com a educação de qualidade e com a formação dos profissionais da área da saúde com mais um ataque;

11- Contra a perseguição de quadros técnicos do Ministério da Saúde, frente às denúncias que vem sendo vigiados nas redes sociais e na vida privada após a intervenção militar em curso do Ministério da Saúde, remontando práticas dos tempos de arbítrio que o país viveu em períodos ditatoriais.”

·Com informações da Rede Brasil Atual

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