A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (Adufcg-Seção Sindical do ANDES-SN) tem realizado diversas ações contra a recente intervenção feita na reitoria da universidade pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Antônio Fernandes, que ficou em terceiro lugar na consulta, foi nomeado como novo reitor da universidade.
Diversos outdoors com a mensagem "Contra a Intervenção de Bolsonaro na UFCG" foram espalhados pela cidade de Campina Grande (PB) na última sexta-feira (9). Os painéis publicitários trazem imagens do reitor e do vice-reitor como bonecos de marionetes, manipulados politicamente pelo governo federal. A mensagem também cobra a imediata renúncia dos interventores. As mesmas artes ganharam as redes sociais.
A Adufcg SSind. também lançou o “interventômetro”, que registra diariamente em seu site o período de intervenção na universidade. Nesta terça-feira (13), a universidade completa 50 dias sob intervenção do governo Bolsonaro.
Intervenção
No dia 23 de fevereiro deste ano, Antônio Fernandes foi nomeado como reitor da UFCG. O professor ficou em terceiro lugar na consulta com menos de 20% dos votos. As entidades representativas de estudantes, técnico-administrativos e docentes lançaram uma nota em repúdio à iniciativa autoritária, que desrespeita e ignora a vontade da maioria da comunidade universitária. Na consulta eleitoral e na lista tríplice do Colegiado pleno da UFCG, realizada em novembro de 2020, a comunidade acadêmica elegeu os professores Vicemário Simões e Camilo Farias para ocupar os cargos de reitor e vice-reitor da instituição. Cada um deles obteve mais de 50% dos votos.
“A existência da autonomia universitária é tão importante que foi colocada na Constituição Federal, em seu artigo nº 207, como um direito fundamental para o funcionamento das universidades e instituições federais de ensino. É ela quem garante a livre e plural produção da ciência e do conhecimento a serviço da sociedade, independente de governos e de gestores e deve também servir de princípio para a escolha dos dirigentes universitários”, diz um trecho.
A intervenção na UFCG é mais um ataque contra a democracia e a autonomia universitária, que segue uma sequência de 24 intervenções autoritárias do governo federal em universidades, institutos federais e Cefet desde 2019.
Confira abaixo a lista de universidades, institutos federais e Cefet onde já houve intervenção federal na escolha de reitores:
1) Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
2) Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)
3) Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
4) Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
5) Universidade Federal do Ceará (UFC)
6) Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
7) Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB)
8) Universidade Federal do Semi-Árido (Ufersa)
9) Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
10) Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
11) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
12) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)
13) Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
14) Universidade Federal do Piauí (Ufpi)
15) Universidade Federal Sergipe (UFS)
16) Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)
17) Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) *reitor eleito empossado após decisão judicial e pressão da comunidade
18) Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) *reitor eleito empossado após decisão judicial e pressão da comunidade
19) Universidade Federal de Itajubá (Unifei)
20) Universidade Federal de Pelotas (Ufpel)
21) Universidade Federal de São Carlos (Ufscar)
22) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)
23) Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
24) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
* Com informações e imagem da ADUFCG SSind