A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal da Fronteira Sul (Sinduffs – SSind do ANDES-SN) protocolou denúncia contra o reitor da instituição, Marcelo Recktenvald, por manifestações antidemocráticas. As notificações foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Ministério Público Federal (MPF) e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
Marcelo Recktenvald não estava entre os escolhidos no processo interno para reitor da UFFS, mas foi empossado por Jair Bolsonaro. Desde então, a comunidade acadêmica pede sua destituição.
Em sua conta em uma rede social, na qual se apresenta como reitor da universidade, Recktenvald afirmou que o STF era "vergonha nacional" e que "um cabo e um soldado resolveriam esta questão" - uma clara alusão à declaração do deputado Eduardo Bolsonaro, que também ecoa nas manifestações antidemocráticas de apoiadores bolsonaristas que defendem a intervenção militar.
"Críticas às autoridades constituídas fazem parte da democracia, entretanto não pode ser tolerada a apologia da destruição do regime democrático. Enquanto dirigente de autarquia federal, Recktenvald tem ainda outros deveres adicionais na sua relação com os demais poderes", afirma em nota a diretoria da Sinduffs SSind.
Para a diretoria da Seção Sindical, fica explícita a tentativa de Recktenvald de buscar angariar apoio junto a Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub – ministro da Educação - tendo em vista o amplo rechaço da comunidade universitária da UFFS à sua nomeação antidemocrática e à sua gestão à frente da instituição.
Para Ricardo Machado, diretor do SINDUFFS e professor da UFFS, a afirmação de Marcelo Recktenvald não causa surpresa. “O interventor só explicita seu desprezo pelas instituições democráticas. Hoje, infelizmente, a UFFS é um exemplo do risco que todas as instituições correm ao ter que conviver com um dirigente não eleito e que não está à altura da função que exerce”, frisa Machado.
Vicente Ribeiro, representante docente do Conselho Universitário da UFFS, também destaca, além das declarações públicas ofensivas à autoridades de outros poderes, a postura incompatível com dirigente de autarquia federal, o caráter antidemocrático da manifestação do reitor ao defender uma intervenção militar no STF. "Vamos propor ao Conselho que se posicione e encaminhe para apuração dos órgãos competentes", afirma Ribeiro.
Destituição
O Conselho Universitário da UFFS, após assembleias consultivas com a comunidade universitária, aprovou proposição de destituição de Recktenvald por 35 votos a 12.
Em 12 de novembro do ano passado, uma comissão protocolou o pedido na Presidência da República. A solicitação ainda aguarda decisão judicial.