A morte da iraniana Mahsa Amini, em 16 de setembro, definitivamente não foi esquecida. A onda de protestos motivados pela indignação e pelo desejo de justiça para a família da jovem e para as mulheres de forma geral continuou e atravessou fronteiras.
Em mais de duas semanas de protestos contra o regime opressor e o assassinato da jovem curda, ao menos 76 pessoas morreram, inclusive a jornalista responsável pela primeira reportagem sobre o assassinato, Nilufar Hamedi, assim como sua colega de imprensa que realizou a cobertura do funeral e de alguns dos protestos, Elahe Mohammadi. Centenas de pessoas também já foram detidos por protestar.
De acordo com informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), ao menos 25 profissionais da imprensa foram presos desde o início das manifestações por justiça pela morte Mahsa Amini. A organização não governamental Iran Human Rights (IHR) relatou 57 manifestantes mortos até a última quarta-feira (28).
Braveza e apoio
Protestos de apoio vêm ocorrendo em cidades importantes de diversos países como Nova Iorque, Chicago, Genebra, Londres, Berlim, Roma, Melbourne, Buenos Aires e em outros locais pela Europa, Ásia, Oceania e no Oriente Médio, para denunciar o que chamam uma ditadura religiosa, pedir justiça e o fim da opressão, especialmente contra mulheres.
No Afeganistão, enfrentando condições perigosas e risco de morte, as mulheres, que vivem um verdadeiro apartheid sob o domínio do Talibã, realizaram protestos contra o assassinato covarde de Mahsa Amini. Uma das manifestações ocorreu em frente à embaixada iraniana na capital, Cabul, e foi dispersada por tiros de munição real, disparados por membros do Talibã.
Cartazes com os dizeres "O Irã subiu, agora é a nossa vez", "De Cabul ao Irã, dizemos não à ditadura" e outros foram rasgados pelos extremistas.
Entenda o caso
Mahsa Amini, uma iraniana de 22 anos, foi presa em Teerã, capital do Irã, no dia 13 de setembro pela Patrulha de Orientação, uma polícia de “moral e costumes”, por não usar de forma correta o hijab – véu que cobre os cabelos. Esse esquadrão, do Comando de Aplicação da Lei da República Islâmica do Irã, supervisiona a implementação pública dos regulamentos do hijab.
No dia 16 de setembro, sua morte foi confirmada. A jovem faleceu enquanto estava sob custódia policial. De acordo com investigações da Organização das Nações Unidas (ONU), Mahsa foi torturada e morta pelo regime iraniano. O caso fez com que milhares tomassem as ruas, em intensa revolta contra a violência e a opressão no Irã.
Nas manifestações que ocorreram em todo o país, milhares de mulheres, em um gesto simbólico e corajoso, queimaram véus e cortaram o cabelo. Um dos recados mais contundentes dado em mais de quatro décadas de ditadura.
Com informações da CSP-Conlutas e Agências de Notícia