Um grupo de apoiadores de Juan Guaidó, líder da extrema-direita venezuelana autoproclamado presidente da Venezuela, invadiu a embaixada venezuelana em Brasília (DF), na madrugada desta quarta-feira (13).
Não há número exato de invasores, mas as informações que circulam são que há, ao menos, três mulheres e mais de 10 homens. Apenas um foi retirado da área da embaixada.
O prédio também é residência do corpo diplomático, que em sua maioria é composto por mulheres. Há mulheres, crianças e pessoas com problemas de saúde no local. Além de parlamentares do PT e do PSol, militantes de movimentos sociais estão na embaixada para garantir a saída dos invasores e a integridade física do corpo consular.
“Pessoas não reconhecidas pelo corpo consular entraram na Embaixada violando direitos internacionais e a Convenção de Viena. Conclamamos a comunidade internacional a se pronunciar a respeito dessa violação, que coloca em risco a integridade dos cidadãos venezuelanos que residem e trabalham no local. Temos crianças, mulheres que vivem aqui. São pessoas uniformizadas [que invadiram], que não sabemos se estão armadas. Conclamamos os demais embaixadores a se posicionar e repudiar a invasão de uma sede diplomática no Brasil. Cabe ao governo brasileiro garantir a segurança dos trabalhadores e moradores da embaixada”, declarou o encarregado de Negócios da Venezuela no Brasil, Freddy Meregote.
O governo de Jair Bolsonaro emitiu nota, através do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), reconhecendo a invasão e alegando não ter envolvimento ou conhecimento prévio da ação.O governo de Jair Bolsonaro reconhece Guaidó como presidente da Venezuela, alinhando-se aos EUA.
O conflito se deu horas antes do início das atividades da 11.ª Cúpula do BRICS. O evento reúne os líderes da Rússia, Índia, China e África do Sul, países que apoiam a permanência de Nicolás Maduro na presidência da Venezuela.
Durante todo o dia, houve forte presença da polícia militar. Um representante do Itamaraty está desde cedo na embaixada tentando mediação. Dezenas de militantes de partidos, sindicatos e movimentos sociais fazem vigília em frente à embaixada desde a divulgação da invasão para pressionar pela segurança das pessoas que se encontram dentro do prédio e pela retirada dos invasores.
Relatos enviados no final da tarde desta quarta informam que os invasores já foram retirados de dentro do prédio e aguardam a chegada da escolta policial para retirá-los do território da embaixada.
Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, repudia a invasão e enfatiza que o Sindicato Nacional defende a autodeterminação dos povos. “Os destinos da Venezuela têm que ser decididos pelo povo venezuelano e nos contrapomos a qualquer ação imperialista. Também repudiamos a ação do governo brasileiro que, ao reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela, cria um ambiente favorável para ações como esta que está ocorrendo na embaixada da Venezuela, em Brasília”, disse Gonçalves. Ele cobrou ainda uma apuração rigorosa do caso, uma vez que atos como esse suscita uma possibilidade de articulações semelhantes no Brasil.