Em greve, professores das Ueba acampam em Salvador

Publicado em 06 de Junho de 2019 às 09h42. Atualizado em 06 de Junho de 2019 às 15h29
Na noite de quarta-feira (5), o acampamento de docentes em frente à SEC foi ameaçado pela Polícia Militar. Em breve, mais informações. Atualização 9h30, de quinta-feira (06)

Centenas de docentes e estudantes das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) levantaram acampamento na área externa da Secretaria Estadual de Educação (SEC), em Salvador. A decisão foi tomada no início da noite de terça-feira (4), após os manifestantes serem impedidos de entrar no prédio por grades e forte aparato policial.

No período da tarde, mais de 300 manifestantes realizaram uma plenária unificada em frente à SEC. O objetivo era debater os problemas das Ueba e, posteriormente, protocolar junto à secretaria a nova contraproposta, com as reivindicações da categoria docente.

A expectativa era a reabertura das negociações de greve com o governo. Porém, em vez de diálogo, o grupo encontrou portas fechadas, grades de contenção e, no interior do prédio, a Tropa de Choque da Polícia Militar (PM) escondida.

Diante da intransigência do governador, os manifestantes decidiram levantar acampamento. A intenção é só sair do local após o avanço nas negociações da greve, que já dura 59 dias.

Reuniões conquistadas pelo acampamento

“A forma como fomos recebidos pelo governo, com Tropa de Choque escondida dentro da secretaria, fez com que decidíssemos montar o acampamento. Eles negaram o protocolo de um documento. Vamos ficar acampados até o governo nos receber para negociar”, afirma Luiz Henrique dos Santos Blume, 1º vice-presidente da Regional Nordeste III e um dos coordenadores do Setor das Instituições Estaduais e Municipais de Ensino (Iees/Imes) do ANDES-SN.

Desde que docentes e estudantes levantaram acampamento, houve duas reuniões. Na quarta de manhã, participaram o líder do governo, deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), a secretária de Relações Institucionais, Cibele Oliveira de Carvalho, e outros deputados estaduais.

“A reunião foi tumultuada. O governo, sem ler o documento da contraproposta, disse que só negocia quando a greve acabar. Tentamos explicar nossas reivindicações. A secretária disse que poderia marcar reunião em breve com secretario de Educação”, conta Blume.

Os docentes apresentaram a reivindicação de reposição salarial de 25,6%. O valor é referente à inflação de 2015 até agora. O movimento docente também apresentou contraproposta de reajuste de 5,9% em 2019 e discussão posterior do restante do valor.

Houve uma segunda reunião às 12h30, após Rosemberg Pinto conversar por telefone com governador Rui Costa (PT). Cibele Carvalho não participou dessa vez.  

“Queremos abrir diálogo. O acampamento gerou desgaste no governo e fez com que houvesse as reuniões, mesmo que protocolares. As negociações podem avançar ainda durante a greve. Vamos ficar acampados até que haja negociação de fato”, completa Luiz Henrique Blume.

Fundo de Solidariedade

Raquel Dias Araújo, 1ª tesoureira do ANDES-SN e também uma das coordenadoras do Setor das Iees/Imes, participou das mobilizações em Salvador e da assembleia docente na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Na ocasião, fez uma saudação em nome da diretoria do Sindicato Nacional. Ela explicou o funcionamento do Fundo Nacional Permanente de Solidariedade aos Docentes, que será destinado aos docentes das Ueba.

“O que mais chamou a atenção foi o fato do governo ter impedido a entrada dos professores na Secretaria de Educação. A ideia era protocolar a pauta de reivindicações, mas isso não foi possível. Havia a presença de policiais do Choque dentro da secretaria”, comenta Raquel. “Temos que cobrir essa greve de solidariedade”, completa.

A diretora do ANDES-SN cita a semelhança entre a ação do governo da Bahia e do Ceará. Os governadores, ambos do PT, cercaram prédios públicos de policiais para impedir a entrada de professores e servidores públicos que queriam negociar suas reivindicações.

As lutas do movimento docente

Nas quatro universidades estaduais, os direitos trabalhistas são desrespeitados, a exemplo das promoções, progressões e alterações de regime de trabalho. Somando-se a isso, o contingenciamento da verba destinada para investimento e manutenção das universidades estaduais tem inviabilizando o funcionamento cotidiano das IEES baianas. Uma parcela significativa do recurso previsto no orçamento anual para esta rubrica não tem sido repassado.

Até o momento, o governo recusa-se a discutir reajuste salarial e ampliação do orçamento das Universidades. Comprometeu-se somente com a liberação dos R$ 36 milhões contingenciados, que não alcançam nem 50% do valor não repassado às Ueba no ano passado. Além disso, esse recurso é destinado apenas para obras e equipamentos e não atende integralmente ao pleito do movimento que luta pelo aumento de verbas para as rubricas de manutenção e custeio.

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Fonte: Aduneb-SSind e Fórum das ADs.

Com edição e inclusão de informações de ANDES-SN. Imagem de Aduneb-SSind.

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