Representação estudantil não foi convocada para a reunião do Cepe
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade Federal do Ceará (UFC) aprovou a minuta da Proposta Pedagógica Emergencial (PPE) para retomada do primeiro semestre de 2020 na instituição. A proposta define os mecanismos para a continuidade do semestre, inicialmente de forma remota, que deverá ser retomado no dia 20 de julho.
A decisão foi tomada em reunião virtual realizada nessa quinta-feira (2), sem a presença da representação estudantil – impedida de participar da pela reitoria – o que levou, inclusive, membros do Cepe a abandonar a reunião. A postura autoritária e antidemocrática da administração superior foi questionada e repudiada pela Associação dos Docentes da UFC (Adufc).
O Cepe tem representação da reitoria (reitor, vice-reitor e pró-reitores), das unidades acadêmicas – que também representam os professores – e dos discentes. Estes, contudo, não foram convocados para a reunião dessa quinta, por uma decisão da reitoria. De acordo com a Adufc, em todo o processo de retorno às atividades e de construção do plano de retorno, a administração superior procurou evitar, restringir ou controlar a participação dos estudantes.
Em suas redes sociais, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC tem denunciado a falta de diálogo e a censura por parte da reitoria, que insiste em não reconhecer a legitimidade da entidade estudantil.
Devido à ausência dos estudantes, a Faculdade de Educação (FACED), que já tinha uma posição crítica à PPE, retirou-se da reunião. O Instituto de Cultura e Arte (ICA) votou contrário e houve várias abstenções. A aprovação da PPE foi realizada num processo conturbado, ferindo a democracia universitária.
“Enquanto sindicato, nós tentamos bastante aproximar o diálogo entre estudantes e reitoria, mas o interventor tem sido insistente em dizer que não reconhece a gestão do DCE e que, por conta disso, não aceita as representações estudantis”, explica Bruno Rocha, presidente da Adufc.
Para o dirigente, essa postura cria obstáculos para a democracia na universidade e se apresenta como uma estratégia da reitoria de tratar de forma autoritária a condução de assuntos importantes para a universidade.
Na avaliação da Adufc, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e de várias unidades acadêmicas e departamentos que já se manifestaram nesse sentido, o esforço da administração superior com a PPE apresentada é retornar o semestre na UFC passando uma falsa aparência de normalidade. Fatores pedagógicos foram desprezados e muitos estudantes não vão conseguir participar das disciplinas de maneira proveitosa – ou sequer vão conseguir acompanhar.
De acordo com um estudo publicado pelo Observatório de Políticas Públicas (OPP/UFC), em 11 de junho, pelo menos 6.500 estudantes não se encontram em condições necessárias e adequadas para participar de atividades acadêmicas remotas. A pesquisa analisou a situação dos estudantes da UFC e seus familiares em meio à pandemia da Covid-19.
No entanto, assim como outras demandas encaminhadas à reitoria, a solicitação de ampliação do tempo para planejamento e reconstrução da PPE apresentada e um prazo maior para a formação docente e discente também foram ignoradas.
Os docentes da UFC se reúnem na tarde dessa sexta-feira, em primeira Assembleia Geral Extraordinária Virtual, para discutir a situação do retorno às atividades nas Universidades Federais do Ceará (UFCA/UNILAB/UFC) e também será apresentada pela Adufc uma análise jurídica sobre as ações impositivas da UFC para atividades remotas e retorno presencial.
Fonte Adufc SSind
Com edição do ANDES-SN