Centenas de servidoras e servidores participam da III Jornada para Assuntos de Aposentadoria

Publicado em 07 de Novembro de 2024 às 18h21. Atualizado em 12 de Novembro de 2024 às 16h49

Mais de 200 servidoras e servidores aposentados e da ativa participaram do primeiro dia da III Jornada para Assuntos de Aposentadoria do ANDES-SN, na manhã desta quinta-feira (7), na sede do Sindicato Nacional, em Brasília (DF). A mesa de abertura contou com a presença de parte da coordenação do Grupo de Trabalho de Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) do ANDES-SN: Gilberto Calil, Josevaldo Cunha, Lucia Lopes e Michele Schultz, além da 1ª vice-presidenta da entidade, Raquel Dias.

Auditório do ANDES-SN ficou lotado de participantes no primeiro dia da jornada. Foto: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN

Raquel saudou as e os participantes da Jornada e afirmou que o ANDES-SN considera os direitos de aposentadoria uma pauta central, defendendo a paridade entre servidores e servidoras na ativa, aposentados, aposentadas e pensionistas desde sua fundação. "Os assuntos de aposentadoria são uma pauta fundamental do nosso sindicato porque estão na origem do ANDES Sindicato Nacional, na luta pela paridade entre ativos e aposentados. Quando os governos atacam o direito à aposentadoria, estão atacando a Previdência. Embora esse ataque seja direcionado principalmente aos aposentados, ele também afeta os servidores ativos e, ainda, toda a classe trabalhadora e o serviço público", disse a 1ª vice-presidenta do Sindicato Nacional.

Lucia Lopes, integrante do GTSSA e encarregada de Assuntos de Aposentadoria do ANDES-SN, saudou as e os presentes, especialmente as servidoras e os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que compareceram em peso após uma greve de 114 dias.

A diretora ressaltou que, em um contexto de políticas de austeridade, a Jornada demonstra a resistência contra as contrarreformas da Previdência, que têm prejudicado aposentadas, aposentados, ativas e ativos. Lopes destacou a importância de defender a integralidade, a paridade e o fim das contribuições previdenciárias para aposentadas, aposentados e pensionistas, além de reivindicar melhores condições de vida e segurança para quem contribuiu a vida inteira.

“O momento da aposentadoria deveria ser um momento de grande felicidade e de alegria pela proteção que a aposentadoria deveria transmitir para cada um e cada uma. Infelizmente, neste momento da nossa história, quando se aproxima o momento da aposentadoria a ansiedade e as tensões chegam juntos. Nós temos hoje cerca de 1,2 milhão de servidores públicos federais [entre ativos e aposentados], 11% deles estão em abono permanência. Não é simplesmente pelo desejo de continuar trabalhando em condições adversas, mas sim pela insegurança do que vai significar as perdas diante da aposentadoria devido aos ataques postos”, contou.

Foto: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN

Após a mesa de abertura, ocorreu o debate “Os servidores públicos e a corrosão do direito à aposentadoria: o fim da integralidade, da paridade e a cobrança de contribuição previdenciária aos aposentados e pensionistas”. A atividade contou com a presença das deputadas federais Erika Kokay (PT/DF) e Luciene Cavalcante (Psol/SP), do deputado distrital Fábio Felix (Psol/DF) e, remotamente, da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol/SP).

Durante o debate, foi destacado que, desde a Constituição Federal de 1988, nenhum direito social das trabalhadoras e dos trabalhadores sofreu mais ataques do que o direito à Previdência Social, submetida a sucessivas contrarreformas. O e as parlamentares expressaram preocupação com a continuidade de políticas de austeridade, como o arcabouço fiscal, e defenderam um esforço conjunto entre sindicatos e representantes no Congresso Nacional para barrar as mudanças prejudiciais ao serviço público.

Também foi discutida a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que validou a emenda permitindo a contratação de servidoras e servidores públicos sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esse ponto se relaciona à Reforma Administrativa de 1998 (Emenda Constitucional 19/1998), que eliminou a obrigatoriedade de regimes jurídicos únicos (RJU) e de planos de carreira para servidores e servidoras da administração pública. As e os participantes enfatizaram a necessidade de proteger a estabilidade e outros direitos das servidoras e dos servidores ativos e inativos.

Outra preocupação levantada foi em relação aos ataques ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), que passa por uma revisão cadastral que poderá afetar a população mais vulnerável. Para as deputadas e o deputado, a defesa desses direitos é fundamental para assegurar a dignidade da classe trabalhadora, e a mobilização é vista como essencial para a manutenção desses direitos fundamentais.

Foto: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN

Estiveram presentes ainda representantes de várias entidades, como Fonasefe, Fonacate, Fasubra, Fenajufe, Sinasefe, Sindifisco, Fenasps e de centrais sindicais. As e os representantes das entidades destacaram a aposentadoria como uma grande conquista, relembraram a perda de direitos como a integralidade e paridade, e defenderam um serviço público de qualidade para a população.

Entre as ameaças mencionadas estão a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66 e a flexibilização do RJU pelo STF, vistas como ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários que favorecem o rentismo e desfavorecem a classe trabalhadora. A política de ajuste fiscal foi apontada como uma estratégia para retirar recursos da Seguridade Social, gerando preocupação com o crescente número de servidoras e servidores que, devido à degradação dos direitos, não se aposentam.

Também foi ressaltada a importância de pressionar as e os parlamentares pela defesa dos direitos previdenciários, recorrendo a visitas aos gabinetes, e-mails e redes sociais, e também outras mobilizações, como uma marcha e uma greve, do funcionalismo público, unindo servidoras e servidores ativos, aposentadas e aposentados na luta contra a precarização das condições de aposentadoria e o desmonte do serviço público. 

Carta
Durante a manhã, uma comissão formada por servidoras e servidores públicos se reuniu com Paulo Roberto dos Santos, secretário do Regime Próprio e Complementar da Previdência Social do Ministério da Previdência. Na ocasião, foi entregue uma carta destinada ao ministro da pasta, Carlos Roberto Lupi, assinada pelo ANDES-SN, destacando a importância da aposentadoria como um direito essencial da classe trabalhadora, que tem sido gradativamente atacada por contrarreformas desde a década de 1990.

A carta critica medidas como o fim da integralidade e da paridade salarial para servidoras e servidores aposentados, a cobrança de contribuição previdenciária para aposentadas, aposentados e pensionistas, e a progressiva precarização das condições de vida dos servidores públicos. O ANDES-SN reivindica ainda a revogação de contrarreformas da Previdência, especialmente as Emendas Constitucionais 20/1998, 41/2003 e 103/2019, e pede o apoio do ministro na defesa de uma Previdência pública universal, sem contribuições adicionais e protegida de futuras reformas restritivas, em decorrência da política de austeridade representada pelo chamado Novo Arcabouço Fiscal. Acesse aqui a carta.

Foto: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN

Representantes do ANDES-SN também estiveram em uma reunião no Ministério da Educação (MEC), com o Coordenador-Geral de Articulação Institucional da Secretaria de Ensino Superior (Sesu), Fernando Antonio dos Santos Matos, para entregar o mesmo documento e, ainda, cobrar informações sobre o reenquadramento de docentes aposentadas e aposentados. Os dados sobre a parcela aposentada da categoria foram solicitados pelo ANDES-SN, mas até o momento não foram disponibilizados pelo MEC. 

Tarde
Às 14h30, foi realizada uma panfletagem na Rodoviária de Brasília, onde os e as participantes da Jornada dialogaram como a população sobre importância da luta em defesa da Previdência. Em seguida, às 17h, as servidoras e os servidores fizeram um ato público em frente ao Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios, onde exibiram bandeiras, faixas e cartazes em defesa do direito à aposentadoria.

Na sexta-feira (8), a Jornada continua no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), com os debates sobre os limites de acesso de servidoras e servidores públicos às aposentadorias e pensões e os engodos dos fundos de pensão, com ênfase no Funpresp.

III Jornada para Assuntos de Aposentadoria
A Jornada cumpre as resoluções do 67º Conad do ANDES-SN, que ocorreu em julho deste ano, em Belo Horizonte (MG). Com o tema “Aposentadoria é direito: integralidade, paridade e segurança”, a jornada abordará três principais eixos: avaliação dos fundos de aposentadoria complementar, a extinção da contribuição previdenciária para aposentados e pensionistas, e a revogação da contrarreforma da Previdência.

O debate foi transmitido ao vivo e pode ser assistido pelo Youtube:

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